Não sabe como poupar para comprar casa? A Catarina Brandão, mais conhecida por Cat Poupança, vai ajudá-lo com este tema.
Começamos o primeiro artigo desta rúbrica com a Catarina Brandão, também conhecida como CatPoupança, que nos vem falar sobre um tema que gera muitas preocupações em quem tem o sonho de comprar casa, como poupar para comprar casa.
Para tal, reunimos um conjunto de perguntas e respostas que tem como objetivo desmistificar um pouco algumas ideias erradas sobre a poupança e de como poupar para comprar casa.
Quero comprar casa, mas não tenho valor de entrada, o que posso fazer?
O primeiro passo é não desmotivar. É preciso aceitar que as condições exigidas atualmente e o elevado preço dos imóveis em muitas zonas do país dificultam a vida a quem quer comprar casa, mas desistir não é de todo uma opção.
Pense sobre o assunto e trace um plano alinhado com a sua realidade para conseguir juntar o dinheiro de que precisa.
Para traçar esse plano procure clarificar: daqui a quantos anos quer comprar casa? Qual é o valor que pode e quer dar pela sua nova casa? Com base nesse montante, quanto lhe vai ser exigido de entrada?
Depois de encontradas respostas a estas questões (que poderão sofrer alterações com o passar do tempo) consegue calcular com base no montante que estima precisar para a entrada, e o horizonte temporal em que quer comprar casa, quanto tem de poupar por ano para chegar a esse objetivo.
Fazer este exercício ajuda a ajustar as suas expetativas e a definir um prazo realista para a compra de casa.
Depois, só tem de passar à ação: divida o montante de poupança anual por 12, e veja se é um valor confortável que consegue poupar por mês. Se o valor não for confortável, veja do que pode abdicar para conseguir aumentar a sua poupança mensal: não viajar tanto, reduzir o consumo e as saídas, reduzir custos com seguros, empregada doméstica, engomadoria, combustível, etc.
Veja também se consegue acelerar o processo de poupança: procure arranjar uma fonte de rendimento extra, rentabilize a sua poupança, venda coisas que não usa e não precisa, etc.
O montante necessário para dar de entrada para uma casa pode assustá-lo, desmotivá-lo ou até mesmo demovê-lo da ideia de comprar casa, no entanto, um bom plano, algumas contas e algum sacrifício vão ajudá-lo a conseguir.
Quais as melhores técnicas ou boas práticas para poupar?
Existem duas técnicas fundamentais: a primeira é adotar um estilo de vida coerente com as suas possibilidades.
Isto significa que tem de gastar menos dinheiro do que aquele que ganha, porque só assim consegue garantir que todos os meses, uma parte do seu rendimento, serve para assegurar o seu futuro, a sua segurança e os seus sonhos.
A segunda é automatizar o seu processo de poupança para garantir que ela acontece todos os meses.
Para isso, crie uma conta poupança no seu banco e agende uma transferência automática para essa conta todos os meses, mal o seu ordenado entre na conta. Assim, garante que começa o mês a poupar e não gasta esse dinheiro em coisas que provavelmente não precisa.
Certifique-se que não deixa a poupança para o final do mês porque corre o risco de já não ter nada para poupar.
Quanto do meu ordenado devo poupar?
Idealmente, deve poupar entre 10% a 20% do seu ordenado. Claro que esta percentagem varia consoante as possibilidades de cada um e se conseguir poupar mais, melhor para si.
Não se martirize se não conseguir poupar estas percentagens, mas faça um esforço para garantir que todos os meses poupa pelo menos algum valor.
Existem aplicações que me ajudem a poupar?
Existe uma aplicação portuguesa que recomendo sempre: a Boonzi (aplicação para computador e telemóvel que permite fazer a gestão do orçamento familiar).
Que tipo de poupança / Investimento é que devo fazer para conseguir rentabilizar a minha poupança?
Existem várias formas de rentabilizar o dinheiro no mercado, e cada um deverá ser responsável por escolher o tipo de investimento com o qual mais se identifica e com o qual mais se sente à vontade.
O ambiente de taxas de juro é baixo, e os produtos financeiros mais seguros e os preferidos dos Portugueses (Depósitos a Prazo e Certificados) apresentam retornos reduzidos em comparação com outros produtos de risco mais elevado (Imobiliário, Fundos de Investimento, PPR, ETF, Bolsa, P2P).
A poupança/investimento a fazer, deverá ter sempre em consideração: o horizonte temporal do objetivo que tem para esse dinheiro, o seu perfil de risco e o montante que tem disponível para poupar/investir.
É muito importante que coloque o seu dinheiro em produtos que conhece, por isso deve dedicar algum do seu tempo a aprender mais sobre os diferentes tipos de produtos financeiros que existem para que possa escolher o que mais se adequa a si e aos seus objetivos.
Que gestos do meu dia a dia é que têm mais impacto na minha poupança?
Pequenos gastos diários, somados, podem significar um montante elevado no final do mês e eu deixo alguns exemplos: tomar todos os dias o pequeno-almoço fora, não levar comida de casa e comer sempre na rua, fumar, comprar raspadinhas e jogar no Euromilhões.
Se quer poupar mais dinheiro todos os meses, pode começar por reduzir alguns destes gastos.
Em casa, tentar ter uma rotina mais organizada pode fazer a diferença: cozinhar mais vezes, evitar o desperdício alimentar, ir menos vezes ao supermercado e otimizar as rotinas para poupar tempo, dinheiro e combustível são alguns exemplos.
Pode ainda usar menos o secador e mais os dias de sol, tomar banhos mais curtos, usar menos produtos e ter menos coisas em casa.
É possível poupar através do consumo consciente? Ex: Roupa ecológica, detergentes eco....
Claro que sim; o consumo consciente ajuda sobretudo os recursos do nosso planeta, mas também a saúde da sua carteira.
Pode reduzir as suas faturas mensais se perder algum tempo a perceber qual o programa mais económico dos eletrodomésticos que usa, se desligar todos os seus aparelhos eletrónicos quando não os está a usar ou se usar menos água no dia a dia.
Vai evitar o desperdício alimentar e gastar menos dinheiro se começar a planear as suas refeições e a trazer do supermercado somente o que precisa, se congelar o que sobra, e se aproveitar sobras para outras refeições.
E, apesar de lhe custar mais dinheiro comprar roupa e acessórios fabricados com materiais mais sustentáveis e mão-de-obra mais digna, é um gasto que compensa a longo prazo pela durabilidade das peças, e pelo impacto positivo na sociedade e no ambiente.
De que forma podemos reduzir os nossos gastos correntes de forma a aumentar o valor que vai para a poupança?
A redução dos gastos correntes passa, na sua maioria, pela mudança de estilo de vida e de hábitos de consumo.
É preciso interiorizar que essa redução tem de ser feita e estar disposto a fazê-la numa base diária. Aqui têm um papel fundamental a disciplina e o foco.
Como já foi dito acima, pequenos gestos diários fazem toda a diferença no final do mês e, tentando dar outros exemplos, é possível aumentar a poupança mensal optando por cozinhar mais refeições em vez de mandar vir comida de fora, levar sempre uma lista para o supermercado para que só compre o que lhe faz falta e o que vai consumir, levar marmita para o trabalho, optar por fazer os percursos a pé e não de carro/transportes, escolher fazer programas e atividades mais económicas, passar mais tempo ao ar livre, reduzir o consumo de roupa, gadgets, acessórios, etc.
Se escolher ter hábitos de consumo mais conscientes e ponderados, e se se disciplinar e tiver o hábito de refletir na real importância de uma compra para a sua vida, consegue poupar algum dinheiro ao final do mês e sem grande esforço.
Quais as principais dicas para colocar um plano de poupança em ação?
A primeira terá de ser mesmo agir! A poupança tem de passar de ser uma coisa que quer muito começar a fazer, para uma coisa que efetivamente começa a fazer.
Por isso, o meu conselho é tornar o processo o mais simples e automático possível: é preciso definir um valor mensal de poupança e depois criar uma transferência automática para retirar esse valor da conta à ordem de forma a não contar mais com ele e não ter a tendência de o gastar.
É também importante ter um objetivo claro de poupança como por exemplo a criação do fundo de emergência, as férias do próximo ano, comprar um carro ou uma casa, a faculdade dos filhos, a reforma, etc.
Ter um objetivo de poupança definido vai ajudar a dar um propósito ao dinheiro que está a poupar, e torna o processo muito mais simples e com significado.
Como posso definir um budget (limite máximo) para a casa que vou comprar?
Esse budget deverá ser definido acima de tudo tendo em consideração que o montante do empréstimo não pode representar uma taxa de esforço superior ao limite definido pelos bancos, que anda em torno dos 40%.
Saiba quanto pode gastar no simulador quanto posso pedir
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É muito importante que a prestação mensal do Crédito Habitação seja uma prestação confortável no seu orçamento e que lhe permita acomodar as restantes despesas da sua vida, a sua poupança e ainda alguns gastos em lazer.
Vai ainda ter influência no seu budget, o tipo de imóvel que pretende adquirir, a zona, o seu rendimento e o seu estilo de vida e ainda, o que considera um valor aceitável a dar por uma casa.
Como posso saber que estou pronto para comprar casa?
É importante que exista um exercício de reflexão sobre o compromisso que estamos a assumir quando decidimos comprar casa. E apesar de existir sempre a hipótese de uma posterior venda do imóvel, é uma obrigação de longo prazo e que acarreta bastantes custos.
Para além da prestação mensal que terá de pagar ao banco, tem ainda os custos com o IMI, os seguros, o condomínio e todas as manutenções que terão de ser pagas por si.
Por isso, uma situação profissional estável, a constituição de família e o desejo de permanecer numa determinada zona do país a longo prazo, são bons indicadores de que está preparado para comprar casa.
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