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    Amortizar ou investir? Tudo o que deve saber!

    15 JUN 2022
    Tempo de leitura:  8  Minutos
    ESCRITO POR UCI
    Amortizar ou investir? Tudo o que deve saber!

    Amortizar o crédito habitação com o reembolso do IRS, aproveitando que tem mais dinheiro disponível, parece boa ideia. Mas será mesmo? Descubra se deve amortizar ou investir o dinheiro de outra forma.

    Com o reembolso de IRS que recebeu este ano, o Paulo conseguiu juntar 5000 euros e está a pensar na melhor forma de aplicar esse dinheiro. O que compensa mais? Amortizar ou investir?

    Amortizar ou não amortizar o crédito habitação? Eis a questão

    A resposta não é óbvia e há vários fatores a ponderar, nomeadamente o contexto socioeconómico e pessoal. Explicamos de seguida.

    Quando vai ao supermercado ou abastece o automóvel com combustível, já deve ter sentido na carteira o peso da inflação. Os dados do Instituto Nacional de Estatística indicam que a inflação em Portugal subiu, em abril, para 7,2% (mais 1,9 pontos percentuais do que os 5,3% sentidos em março).

    Ao mesmo tempo, está a subir a taxa Euribor, o indexante de referência para os empréstimos habitação com taxa de juro variável. Após vários anos com valores negativos, o Banco Central Europeu (BCE) confirmou que em julho vai aumentar a taxa diretora, para ajudar a travar a inflação. Assim, espera-se que em breve, as taxas de juro saiam de terreno negativo.

    Mas afinal, o que tem isto a ver com a amortização do empréstimo habitação? Tudo. Principalmente se tem um empréstimo com taxa de juro variável. Caso a Euribor aumente, a sua prestação irá subir. A juntar-se à inflação que se sente e à incerteza que paira sobre o futuro, devido à crise energética e à guerra na Ucrânia, ter uma prestação mensal inferior pode ser um fator bastante relevante para tomar essa decisão.

    Leia também: Vantagens do empréstimo habitação taxa fixa.

    Mas vamos por partes. Se, tal como o Paulo, recebeu um bom reembolso do IRS, a primeira análise a fazer é se deve amortizar ou investir.

    Recebi o reembolso do IRS. Devo amortizar ou investir?

    Ao fazer essa análise, existem algumas questões financeiras a ponderar. A saber:

    Precisa desse dinheiro?

    Se tiver algumas despesas planeadas a curto prazo, como comprar um automóvel ou pagar uma despesa de saúde avultada, pode fazer sentido guardar o dinheiro para utilizá-lo nessa altura.

    Tem um fundo de emergência?

    O futuro é incerto. Por isso, ter uma almofada financeira que ajude a lidar com algum imprevisto que possa surgir (desemprego ou despesa de saúde elevada) deve ser uma prioridade. Caso ainda não tenha uma poupança para os imprevistos, aproveite para começar agora e coloque o dinheiro num produto de poupança, como um depósito a prazo que permita reforços. Com a subida das taxas de juro pelo BCE não é só o crédito para comprar casa que é afetado, mas também as taxas de juro pagas pelos produtos de poupança dos bancos. Portanto, é esperado que os depósitos a prazo se tornem mais rentáveis do que são atualmente.

    Qual o seu nível de endividamento?

    A taxa de esforço recomendada determina que o peso dos seus créditos não deve ser superior a 35% ou 40% dos seus rendimentos líquidos. Se o seu empréstimo habitação, juntamente com outros créditos que possa ter, representa um esforço superior, amortizar o crédito habitação pode fazer sentido. Desta forma, fica com maior folga financeira para colocar as suas finanças pessoais em ordem e continuar a poupar algum dinheiro ao final do mês.

    Leia ainda: Qual é a sua taxa de esforço para financiamento habitação?

    Quando contratou o empréstimo?

    Se amortizar está nos seus planos, é importante que saiba qual o melhor momento para o fazer, isto porque em Portugal o pagamento do crédito para comprar casa segue o modelo de amortização francês.

    Ou seja, durante os primeiros anos do empréstimo pagam-se mais juros, enquanto que no final se paga mais capital. Assim, ao amortizar o crédito habitação nos primeiros anos do crédito, acabará por pagar menos juros sobre o montante emprestado.

    Está disposto a investir o valor?

    Amortizar ou investir? Esta é uma dúvida frequente. Se tem um perfil mais arrojado e está habituado a fazer investimentos, pode optar por colocar o valor poupado a rentabilizar num ativo com uma rendibilidade esperada acima da taxa de juro que paga pelo empréstimo da casa.

    No entanto, antes de investir é importante:

    • Definir objetivos: em primeiro lugar é importante que saiba o que pretende fazer com esse dinheiro, para tal, é importante que defina objetivos concretos que o ajudem na sua tomada de decisão. Para isso sugerimos que siga o modelo SMART (os objetivos deverão ser específicos, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com um limite temporal).
    • Definir qual o seu perfil de investimento: é importante que defina que tipo de investidor é, de forma a definir em que tipos de investimento pretende colocar o seu dinheiro. Estes podem distribuir-se entre várias categorias de acordo com o seu nível de risco (exemplo: investimentos conservadores - depósitos a prazo; investimentos moderados - obrigações; investimentos arriscados: ações).
    • Saber quais as comissões: Se está a investir em produtos financeiros de risco moderado ou elevado é importante que saiba de antemão quais as comissões sobre esse tipo de produtos.
    • Diversificar os seus investimentos: Não coloque os ovos todos no mesmo cesto. Ao diversificar os seus investimentos irá garantir a saúde da sua carteira de investimentos.
    • Manter-se fiel aos seus objetivos: Tenha sempre em mente o que o levou a investir inicialmente e não perca o foco nos seus objetivos.

    Feita esta análise inicial entre amortizar ou investir e se realmente tenciona amortizar o empréstimo, existe outro fator que deve equacionar de seguida: as comissões a pagar.

    Amortizar o crédito habitação tem custos: conheça-os

    Se quer amortizar o crédito habitação, saiba que terá de pagar uma comissão ao banco. O valor difere consoante tenha um contrato de empréstimo com taxa de juro fixa ou variável. Assim o valor da comissão por reembolso antecipado será:

    • 0,5% do capital reembolsado, no caso dos contratos com taxa de juro variável;
    • 2% do capital reembolsado, nos contratos em que vigora taxa de juro fixa.

    O impacto que esta comissão tem na sua decisão depende muito do valor que deseja amortizar.

    Por exemplo, no caso do Paulo, se quisesse reembolsar 5000 euros teria de pagar uma comissão de 25 euros (caso o seu empréstimo tivesse sido contratado com taxa de juro variável) ou 100 euros (caso o seu empréstimo tivesse sido contratado com taxa de juro fixa). No entanto, caso quisesse amortizar 25 000 euros, o valor da comissão já subia para 125 euros (taxa de juro variável) ou 500 euros (taxa de juro fixa).

    Faça as contas ao impacto da amortização na mensalidade

    Agora que já sabe quais os fatores que deve ponderar e os custos do reembolso antecipado, é hora de fazer contas.

    Vamos seguir com o exemplo do Paulo:

    Há 10 anos, o Paulo fez um empréstimo habitação, com taxa de juro variável, no valor de 150 000 euros, a pagar em 30 anos e com uma Taxa Anual Nominal (TAN) de 3%. Por mês paga 632,41 euros.

    Uma década volvida, o capital em dívida do Paulo baixou para os 114 030 euros. Entretanto, com o reembolso do IRS e a sua poupança pessoal, tem 5000 euros disponíveis e gostava de utilizá-los para reduzir a sua prestação mensal. Se subtrair esse valor ao montante que ainda deve ao banco, fica com 109 030 euros de capital em dívida e uma prestação mensal de 604,51 euros.

    Ficará a pagar menos 27,90 euros por mês. Pode não parecer muito, mas representa uma poupança de 334,80 euros por ano e 6 696 euros no final dos 20 anos que ainda faltam para pagar o crédito.

    Se a este valor subtrair a comissão de 25 euros paga pelo reembolso antecipado no caso de um empréstimo com taxa variável, a poupança é de 6 671 euros.

    Ter uma prestação inferior ou pagar por menos tempo?

    Existe ainda outra decisão que poderá ter de tomar. Se tem dinheiro disponível, pode amortizar e, como vimos no exemplo anterior, continuar a pagá-lo até ao fim do prazo contratado, embora com uma prestação menor. Ou, ao invés de ter uma prestação mais baixa, pode optar por reduzir o prazo do empréstimo e manter o valor de prestação que paga atualmente. Atenção que esta hipótese implica que haja um acordo entre si e o banco, ou seja, é preciso renegociar o contrato de crédito.

    Embora, nestes casos, não possa ser cobrada uma comissão pela renegociação, esta pode implicar uma alteração nas condições do crédito e, por exemplo, podem ser aplicadas novas condições em vigor ou perder a bonificação no spread. No caso da UCI não corre este risco porque não existe a necessidade de aquisição de produtos bancários adicionais para bonificação do spread.

    Em relação a reduzir a prestação ou o prazo do empréstimo a decisão é pessoal e depende daquilo que mais valoriza: será mais importante baixar a prestação mensal ou prefere pagar o crédito durante menos tempo?

    Leia ainda: Sabe como escolher o melhor prazo do empréstimo?

    Em conclusão: quando é que compensa amortizar o crédito habitação?

    Amortizar é quase sempre vantajoso, nem que seja porque se trata de um compromisso financeiro de longa duração e a redução da prestação mensal tem impacto nas finanças pessoais a curto e longo prazo. Além disso, a previsão da subida das taxas Euribor pode implicar um aumento dos encargos com o empréstimo habitação e, consequentemente, uma redução do dinheiro disponível e, eventualmente, na sua qualidade de vida.

    Por isso, se recebeu o reembolso do IRS e não tem outras despesas prioritárias, a hipótese de reembolsar o crédito antecipadamente parece uma excelente aposta. Lembre-se que o prazo para entregar o IRS termina a 30 de junho e, depois disso, a Autoridade Tributária e Aduaneira tem até 31 de julho para devolver os valores.

    Os artigos de Blog da UCI tratam de temas atuais que pretendem ser úteis aos nossos leitores. No entanto, é possível que alguns dos artigos mais antigos possam conter informações desatualizadas. Por isso, aconselhamos que verifique sempre a data de publicação do artigo.

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