A partir de abril de 2022, o prazo do crédito habitação tem novos limites e novas regras. Saiba quais são e como escolher a melhor opção para si.
Comprar casa faz parte da ambição de grande parte dos jovens e das famílias portuguesas.
Ao contrário do que acontece em outros países europeus — como a Suíça ou a Alemanha, onde existe um maior equilíbrio entre o arrendamento e a aquisição de casa —, em Portugal cerca de 77% da população vive em habitação própria, de acordo com dados do Eurostat.
Para atingir esta meta, a maioria das pessoas recorre a um empréstimo. Neste processo de negociação com os bancos, existem diversos aspetos que devem ser ponderados, sendo o prazo do crédito habitação um dos mais importantes, porque dele dependem muitas das condições associadas ao empréstimo.
Se está a pensar comprar casa, veja como a escolha do prazo do crédito habitação pode ter impacto na sua vida financeira. Conheça igualmente as novas regras do Banco de Portugal para o prazo nos contratos de crédito habitação.
Prazo do crédito habitação a 20, 30 ou mais anos. Qual é a diferença?
O processo de compra de casa envolve um misto de emoções. Por um lado, a alegria de se encontrar uma habitação nova. Por outro, é necessária alguma paciência para enfrentar todos os aspetos legais que a compra de casa implica.
No que diz respeito à negociação do crédito habitação, frequentemente, os “radares” dos consumidores focam-se em indicadores como o spread, as comissões ou a taxa de juro. Contudo, existem outros fatores importantes que podem ter impacto na sua vida financeira. O prazo do crédito habitação é um deles. O prazo refere-se ao período para devolver todo o capital e os juros relativos à dívida contraída.
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De acordo com o Banco de Portugal, a maturidade média dos novos contratos de crédito à habitação no ano passado situava-se nos 32,7 anos. Mas há poucos anos, algumas instituições chegaram a conceder empréstimos com prazo até 50 anos.
Pois bem, em termos práticos, qual é a diferença entre um prazo do crédito habitação mais curto ou mais longo? Vamos às contas.
Um exemplo prático à lupa
Vejamos, então, o caso da Ana e do João, ambos com 30 anos. O casal prepara-se para comprar a sua primeira casa no valor de 250 mil euros. Uma vez que têm uma poupança acumulada de 50 mil euros, apenas precisam de um empréstimo no montante de 200 mil euros. Eis as diferenças dos encargos financeiros que terão de suportar consoante o prazo do empréstimo que escolherem:
Empréstimo habitação a 25 anos
- Taxa de Juro (TAN): 1,024%
- Prestação mensal: 755,92 euros
- Custo total do crédito para o consumidor (juros, comissões e impostos): 44.448,22 euros
Empréstimo habitação em 30 anos
- Taxa de Juro (TAN): 1,024%
- Prestação mensal: 645,49 euros
- Custo total do crédito para o consumidor (juros, comissões e impostos): 55.327,95 euros
Empréstimo habitação a 35 anos
- Taxa de Juro (TAN): 1,024%
- Prestação mensal: 566,81 euros
- Custo total do crédito para o consumidor (juros, comissões e impostos): 67.797,30 euros
Fonte: Simulador de Crédito Habitação UCI
Prazo do crédito habitação mais curto ou mais longo? Veja as vantagens e desvantagens de cada opção
Através destas simulações, é possível perceber que os prazos mais longos implicam no final uma fatura mais pesada com os juros. Contudo, como o pagamento da dívida se prolonga por mais tempo, o valor das prestações mensais é inferior, o que poderá ser uma opção, sobretudo para quem tem orçamentos familiares mais apertados.
Por outro lado, os prazos mais curtos permitem aos consumidores “livrarem-se” da dívida mais cedo. No entanto, como as prestações mensais são mais altas, nem todas as famílias terão capacidade financeira para escolher esta opção.
Veja ainda o nosso vídeo sobre o prazo do crédito habitação
Nota ainda para o facto de as simulações apresentadas terem em conta uma taxa de juro anual nominal (TAN) estável ao longo de todo o período de vida do contrato de crédito habitação. No entanto, é importante ressalvar que não é expectável que tal aconteça.
Em primeiro lugar, porque a maioria dos processos de crédito habitação em Portugal têm associada uma taxa variável, o que significa que estão indexados a uma taxa de referência (geralmente a Euribor), que flutua ao longo do prazo do crédito habitação. Além disso, as taxas Euribor, que neste momento se encontram em níveis negativos, poderão inverter esta tendência, devido à subida da inflação e à possibilidade de o Banco Central Europeu (BCE) acelerar a retirada dos estímulos monetários.
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Ou seja, trocado por outras palavras, significa que o período de baixas taxas de juro poderá estar perto do fim. E quando isso acontecer, as prestações dos empréstimos vão subir e também os custos no total do empréstimo. Quem não quiser estar exposto a estas oscilações, poderá optar por contratar um crédito habitação de taxa fixa, mantendo o valor da prestação estável durante o período acordado.
Mas regressando ao tema central deste artigo, para ajudar a escolher o melhor prazo do crédito habitação, identificámos na tabela abaixo os principais prós e contras associados aos prazos mais curtos e mais longos.
Prazo do crédito habitação mais curto | Prazo do crédito habitação mais longo | |
Vantagens |
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Desvantagens |
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Novas regras para os contratos de crédito à habitação
O dia 1 de abril de 2022 marca a entrada em vigor das novas recomendações do Banco de Portugal relativamente à maturidade dos novos contratos de crédito habitação. Assim, a partir desta data, os bancos terão de ter em conta novos limites aos prazos dos empréstimos à habitação, em função da idade dos clientes.
Com esta recomendação, que vem reforçar as recomendações macroprudenciais de 2018 em que já se apontava o objetivo de convergir os novos contratos de crédito habitação até finais de 2022 para uma maturidade média de 30 anos, o Banco de Portugal quer contribuir para que as instituições financeiras não incorram em riscos excessivos na concessão de empréstimos. Ao mesmo tempo, promove-se o acesso a financiamento sustentável por parte dos consumidores, evitando situações de sobre-endividamento a longo prazo. Recorde-se que a maturidade média do crédito à habitação em Portugal permanece bastante elevada, quando comparada com outros países da União Europeia.
Qual é então o melhor prazo do crédito habitação?
Não há uma resposta certa para esta questão, mas pensar que um prazo do crédito habitação maior é a melhor escolha porque a prestação é mais baixa é simplificar demasiado a questão e tomar uma decisão que no final poderá implicar pagar mais pelo dinheiro que pediu emprestado. O melhor conselho que lhe podemos dar nesta matéria é: escolha o prazo do crédito habitação mais curto possível desde que consiga suportar a prestação mensal.
A escolha do prazo vai ter impacto quer nos custos com juros, quer no valor da prestação mensal. Como vimos prazos mais curtos representam menos juros e uma prestação mensal mais elevada. Prazos mais longos representam mais juros no final e uma prestação mensal mais baixa. Será encontrando o ponto ótimo entre o prazo e a prestação mensal que pode pagar (e que resulte numa taxa de esforço que o banco aceite) que lhe vai permitir no final de contas não pagar mais do que o necessário pelo crédito.
Se está a pensar em comprar casa e tem dúvidas sobre o melhor prazo para o seu crédito à habitação, contacte-nos.
Na UCI, sabemos que a compra de uma casa é um dos compromissos mais importantes na vida das pessoas e, como tal, temos uma equipa profissional e especializada para o ajudar.