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    Subida da Euribor: Como enfrentar?

    29 AGO 2023
    Tempo de leitura:  9  Minutos
    ESCRITO POR UCI
    Subida da Euribor: Como enfrentar?

    A prestação do crédito à habitação continua a crescer, aliás, repetem-se notícias de que o Banco Central Europeu (BCE) voltou a aumentar as taxas de juro. Por isso, apesar de estarem a subir a um ritmo mais lento, ainda não há um fim à vista para as subidas da Euribor.

    Neste artigo, explicamos-lhe, então, por que motivo aumentam as taxas de juro. Além disso, para poder lidar melhor com este cenário, partilhamos algumas dicas de combate à subida da Euribor, que tanto poderá afetar as suas despesas mensais.

    Porque aumentam as taxas de juro?

    A pandemia e a guerra na Ucrânia constituem dois eventos recentes que impulsionaram a inflação de uma forma generalizada na Europa. Na tentativa de responder a este cenário pautado pela incerteza, para evitar uma crise financeira, o BCE começou, então, a aumentar as taxas de juro em julho de 2022. Foi o primeiro aumento em 11 anos!

    Contudo, ampliar os juros implica restringir a quantidade e o valor do dinheiro que as famílias e as empresas têm à sua disposição. Afinal, esta subida das taxas de juro tem repercussões nas taxas de referência dos créditos: as taxas Euribor. No entanto, como acontece isso, na prática?

    O papel do BCE na subida da Euribor

    O BCE gere as 20 economias que partilham a moeda única (euro). Este organismo coordena, assim, a política monetária da união europeia, tendo como principal objetivo assegurar a estabilidade dos preços. Uma das suas estratégias para o concretizar foca-se na regulação das taxas de juro.

    Taxas de juro do BCE

    As taxas de juro do BCE constituem os juros que o Banco Central cobra aos bancos comerciais da Zona Euro pelos empréstimos que lhes concede ou pelos depósitos. Portanto, indiretamente, o BCE influencia a descida e a subida da Euribor.


    Por exemplo, o receio relativo ao descontrolo dos preços antes da crise financeira global de 2008-2013 levou o Banco Central a aumentar as taxas de juro. No entanto, no rescaldo dessa crise, perante a ameaça da deflação, o BCE voltou a descer as taxas de juro. Afinal, nessa época, pretendia-se estimular a economia, fomentando o consumo e o investimento.

    Aliás, em junho de 2014, o BCE chegou mesmo a definir taxas de juro negativas, para incentivar os bancos a trocarem liquidez entre si.

    O que ocorre quando as taxas de juro sobem?
    O que ocorre quando as taxas de juro descem?
    Os bancos ficam mais relutantes em emprestar dinheiro. Incentiva-se o financiamento, que fica mais barato.
    A poupança torna-se uma prioridade. Poupar torna-se menos atrativo, pois rende menos manter o dinheiro parado.
    A flexibilidade financeira das famílias e das empresas fica limitada pelo aumento dos encargos com os juros. Encoraja-se o consumo e o investimento.

    Entre os aspetos mais afetados por estas decisões do BCE, destaca-se a taxa Euribor. No entanto, para nos focarmos na subida da Euribor, importa esclarecer, primeiro, algumas noções fundamentais. Afinal, o que é a Euribor? Além disso, como tem evoluído nos últimos anos?

    Subida da Euribor: porque é relevante?

    Num cenário marcado pelo expressivo aumento das taxas de juro, a subida da Euribor preocupa, certamente, muitas famílias.

    O que é a Euribor?

    Euribor (European Interbank Offered Rate) é a taxa de referência utilizada nos empréstimos realizados entre os bancos comerciais da Zona Euro. A Federação Europeia de Bancos define, assim, diariamente, o valor da Euribor. O seu cálculo alicerça-se na média das taxas de juro praticadas entre os 52 bancos europeus desse grupo.

    Portanto, na verdade, o BCE não tem influência direta na descida ou na subida da Euribor. Contudo, determina a taxa de financiamento do Banco Central, condicionando, desse modo, os juros praticados pelos bancos comerciais. Por conseguinte, impacta a descida ou a subida da Euribor indiretamente.

    Sabia que a Euribor nasceu com o euro? A 1 de janeiro de 1999, a moeda única começou a circular na Zona Euro. A partir daí, a Euribor tornou-se na taxa de referência para vários produtos financeiros, como, por exemplo, o crédito habitação.


    Aliás, embora mencionemos a “taxa Euribor”, na verdade, existem cinco taxas Euribor, com prazos distintos:

    • Uma semana;
    • Um mês;
    • 3 meses;
    • 6 meses;
    • 12 meses.

    Se possui um crédito à habitação com uma taxa Euribor a 6 meses, por exemplo, a taxa de juro do seu crédito será revista a cada seis meses. Portanto, o valor da prestação mensal será sempre atualizado consoante o prazo da Euribor escolhido, sendo que as taxas de referência mais frequentes para o crédito habitação em Portugal são a Euribor a 6 meses e a Euribor a 12 meses.

    A descida e a subida da Euribor desde a crise de 2008

    Para percebermos melhor o contexto atual, revela-se, sem dúvida, crucial estar atento à evolução das taxas de juro. Sabe como oscilaram os valores da Euribor nos últimos anos?

    A Euribor entrou em território negativo após a crise financeira de 2008, quando o BCE cortou as taxas de juro, para que pessoas e empresas conseguissem empréstimos mais baratos, estimulando a economia. Pretendia-se, assim, “reanimar” os países mais afetados pela crise.

    • Em 2008, a Euribor a 6 meses chegou a superar 5%.

    A partir desse ano, o valor da Euribor (em todos os prazos) começou, então, a decrescer. Por fim, atingiu valores negativos, em 2016.

    • No final de 2021, a Euribor a 6 meses situava-se em -0,545%.
    • No entanto, em dezembro de 2022, a Euribor a 6 meses fixou-se em 2,460%, ou seja, ocorreu uma subida da Euribor (de território negativo para positivo), quando o BCE aumentou os juros. Essa subida da Euribor revelou -se, sem dúvida, muito significativa.
    • Em meados de 2023, a Euribor a 6 meses encontra-se perto de 4%, após um ciclo de nove subidas das taxas de juro do BCE.

    Em Portugal, as taxas Euribor mais praticadas nos empréstimos à habitação incluem a Euribor a 6 meses e a Euribor a 12 meses. Contudo, o impacto da descida ou da subida da Euribor apenas se sente nos empréstimos com taxa variável, não se aplicando aos empréstimos com taxa fixa.

    Impacto da subida da Euribor nas taxas de juro dos créditos à habitação

    De acordo com dados do Banco de Portugal, a taxa de juro variável é sem dúvida a mais escolhida pelos portugueses no crédito habitação. No entanto, em fases como a atual, muitos começam, certamente, a questionar-se se deveriam ter optado por uma taxa fixa, em vez de uma variável.

    Importa, pois, perceber com clareza qual é a diferença entre os dois tipos de taxa de juro e em que casos se tornam mais favoráveis.

    Taxa de juro variável

    Nos empréstimos com taxa de juro variável, existem, então, dois componentes a considerar: o spread e a Euribor. O valor resultante da soma destes elementos designa-se por Taxa Anual Nominal (TAN), isto é, a taxa de juro do empréstimo.

    Já o spread constitui, essencialmente, a margem de lucro da instituição de crédito. Aliás, o seu valor é definido aquando da contratualização do crédito. Pelo contrário, a Euribor, tal como mencionado, é um valor que se vai atualizando e que varia consoante o prazo escolhido.

    Taxa de juro fixa

    Embora a taxa variável se revele mais comum, existem também empréstimos com uma taxa de juro fixa. Nestes casos, os juros mantêm-se inalterados durante o prazo acordado com o banco (por exemplo, 5 ou 10 anos).

    Portanto, mesmo perante uma subida da Euribor, a prestação mensal está protegida das oscilações.

    Então, afinal, quando vale a pena escolher uma taxa fixa para o crédito habitação? Esta pode tornar-se vantajosa quando as taxas de juro estão mais baixas e existem perspetivas de crescimento a curto prazo.

    Para definir a taxa de juro fixa, os bancos baseiam-se nas taxas swap. A taxa swap é a taxa de juro fixa de referência no mercado interbancário. Consiste numa taxa de médio a longo prazo, com diferentes valores para cada prazo.


    5 dicas para combater a subida da Euribor

    Como não se consegue prever o fim do atual ciclo de aumentos das taxas de juro, o mais adequado será, certamente, adotar algumas medidas para mitigar o impacto da subida da Euribor. Comece, então, pelo mais simples:

    1. Rever as despesas e a taxa de esforço

    Em primeiro lugar, perante a subida da Euribor, monitorize as suas despesas mais básicas (gastos com alimentação, entretenimento, educação e transportes, por exemplo). Aliás, estas avaliações permitem, muitas vezes, encontrar desperdícios que até passavam despercebidos. Por exemplo, deve manter uma subscrição de um serviço de streaming que nunca utiliza?

    Com estes valores em mente, passe para o cálculo da taxa de esforço, para avaliar o peso dos créditos no seu orçamento (como o crédito para comprar casa ou outros créditos que possua). A taxa de esforço ideal não deverá, pois, ultrapassar os 35%. Contudo, se possuir vários empréstimos, tente não superar 50%.

    2. Alterar o tipo de taxa de juro do crédito à habitação

    Tal como referido, a subida da Euribor aplica-se, sobretudo, aos empréstimos com taxa de juro variável. Assim, poderá tornar-se benéfico passar de um contrato com taxa variável para taxa fixa ou mista. Afinal, num crédito habitação com taxa de juro fixa, a prestação mensal mantém-se constante.

    Poderá optar ainda por uma taxa de juro mista (que engloba uma taxa fixa na fase inicial do empréstimo seguido de uma taxa variável). Desse modo, pagará uma taxa de juro fixa durante um período parcial (por exemplo, 5 ou 10 anos). Quando terminar esse prazo, entrará, então, em vigor uma taxa variável, com base na taxa Euribor em vigor no momento.

    3. Amortizar parte do empréstimo

    Se tiver poupanças, poderá equacionar a amortização de uma parte do empréstimo reduzindo os encargos com juros. Assim, reduzirá a prestação mensal, apesar da subida da Euribor. No entanto, não esgote todas as suas poupanças, seja responsável na amortização!

    4. Pedir um período de carência

    Com o intuito de obter algum alívio temporário no seu orçamento, durante a subida da Euribor, pode solicitar um período de carência. Nesse tempo, apenas pagará os juros do empréstimo. No entanto, não se esqueça de que, no final do período de carência, a prestação aumentará novamente, sem alteração do montante em dívida.

    5. Aumentar o prazo do crédito

    Outra dica para combater a subida da Euribor será solicitar o alargamento do prazo do empréstimo. Ao dilatar o tempo do pagamento, reduzirá a prestação mensal, no entanto o aumento do prazo implica uma alteração do contrato de crédito que terá de ser avaliada juntamente com a instituição de crédito.

    A subida da Euribor não deve impedi-lo de viver a sua vida. Contacte-nos e descubra como melhorar as suas finanças e reduzir as preocupações, com o apoio da equipa de especialistas da UCI.

    Os artigos de Blog da UCI tratam de temas atuais que pretendem ser úteis aos nossos leitores. No entanto, é possível que alguns dos artigos mais antigos possam conter informações desatualizadas. Por isso, aconselhamos que verifique sempre a data de publicação do artigo.

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